quinta-feira, dezembro 21, 2006

Juntos.. de facto

Decorria normalmente um habitual concurso de televisão quando o apresentador faz a pergunta crítica ao concorrente:

"É casado?"

Ao que o concorrente, depois de uma breve hesitação, responde:

"Não, vivo junto"

Ora bolas!, pensei eu imediatamente, que grande aventura! Eu também vivo junto com os meus pais e com a minha irmã. O que é que essa resposta tem a ver com a pergunta feita?

Como é possivel que, na era do telemóvel e da internet, o conceito máximo de união entre duas pessoas tenha sido reduzido a um "viver junto"?

Afinal, aquela relação em que faria sentido construir um projecto a dois como se fossem apenas um, não tem distinção clara de outras relações que se costuma ter. Será que isto está relacionado com a abolição das hierarquias?

Depois, associada a isto, ainda vem a fantástica "união de facto".

É aquela união que só existe porque realmente existe, porque se verifica que assim aconteceu. Ou seja, a união não é uma opção mas uma constatação.

O que acontece é que há duas pessoas que, em vez de decidirem ir passear para areia porque querem lá deixar as suas pegadas marcadas, acabam por ir passear para a areia e quando olham para trás são levadas a concluir que de facto deixam pegadas.

Isto ainda é mais interessante numa era em que tanto se valoriza a gestão ao nível das organizações. Mas este desfasamento também já não espanta, porque o motor do mundo afinal é a economia!