Decorria normalmente um habitual concurso de televisão quando o apresentador faz a pergunta crítica ao concorrente:
"É casado?"
Ao que o concorrente, depois de uma breve hesitação, responde:
"Não, vivo junto"
Ora bolas!, pensei eu imediatamente, que grande aventura! Eu também vivo junto com os meus pais e com a minha irmã. O que é que essa resposta tem a ver com a pergunta feita?
Como é possivel que, na era do telemóvel e da internet, o conceito máximo de união entre duas pessoas tenha sido reduzido a um "viver junto"?
Afinal, aquela relação em que faria sentido construir um projecto a dois como se fossem apenas um, não tem distinção clara de outras relações que se costuma ter. Será que isto está relacionado com a abolição das hierarquias?
Depois, associada a isto, ainda vem a fantástica "união de facto".
É aquela união que só existe porque realmente existe, porque se verifica que assim aconteceu. Ou seja, a união não é uma opção mas uma constatação.
O que acontece é que há duas pessoas que, em vez de decidirem ir passear para areia porque querem lá deixar as suas pegadas marcadas, acabam por ir passear para a areia e quando olham para trás são levadas a concluir que de facto deixam pegadas.
Isto ainda é mais interessante numa era em que tanto se valoriza a gestão ao nível das organizações. Mas este desfasamento também já não espanta, porque o motor do mundo afinal é a economia!